Azahar e Gamma, os linces do zoo têm uma missão.
Azahar e Gamma estão no zoo para sensibilizar quem os visita para as ameaças à espécie.
Problemas de saúde impedem que se reproduzam, mas assumiram um papel que vai muito além da paternidade.
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Jardim Zoológico de Lisboa
Gamma nasceu em 2010, Azahar em 2004. Apesar de serem macho e fêmea, não se podem considerar um casal. Chegaram ao zoo em Dezembro do ano passado e a única vez que se juntaram acabaram à luta. Os tratadores estão agora a trabalhar para que a relação melhore e parece que está a funcionar. “Começámos apenas com contacto visual, em instalações isoladas, mas agora já conseguem conviver no mesmo espaço pacificamente”, conta Aires Colaço, tratador do zoo há 33 anos. Apesar da experiência com felinos, foi obrigado a fazer um update nos conhecimentos para lidar com os linces ibéricos, tendo em conta que estes são os dois primeiros animais da espécie a chegar ao Jardim Zoológico de Lisboa. “São lindíssimos, tem sido um prazer lidar com eles”, assume.
Chegados à instalação, seriam precisos olhos de lince, literalmente, para logo encontrar os dois animais. Só depois de alguns segundos conseguimos ver que Gamma está camuflado atrás de uns troncos e Azahar optou por descansar no topo de uma árvore. O jogo das escondidas serve de aliciante às crianças, que se colam ao vidro a tentar encontrar os animais no meio dos tons verdes e castanhos da instalação.
Apesar de todas as notícias sobre a extinção da espécie e a sua reintrodução em Portugal, desengane-se quem pensa que estes dois felinos estão juntos para procriar. Perante o nosso ar incrédulo, Aires explica: “São animais com alguns problemas, não haverá reprodução.” Nos placares de madeira à entrada, as fichas dos animais dão mais alguns pormenores sobre as suas características. Gamma, o macho, exibia pouca vitalidade ao nascer e, com apenas 75 dias de vida, apresentou um quadro compatível com epilepsia juvenil que sugere um problema genético desaconselhado à sua reprodução. Já Azahar, a fêmea, apresenta desde 2012 graves problemas de nível reprodutivo, deixando de fazer parte do grupo de reprodução em cativeiro. Descartando a possibilidade de visitar crias de lince ibérico no zoo, os felinos assumiram o papel educativo para a conservação da espécie.
Os dois chegaram no Natal do ano passado – “foi uma espécie de presente”, conta Aires – e desde aí que a adaptação tem sido progressiva. “Temos de ir vendo como se comportam, o que gostam de fazer, o que gostam de comer.” Para já, no topo da cadeia alimentar está o coelho, tanto refrigerado como vivo, mas também codornizes. Já frango e vaca, não apreciam. Aires dita o menu dos próximos dias: “Esta semana vamos experimentar as perdizes.”
Azahar e Gamma, os linces do zoo têm uma missão.
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