Linces ibéricos salvos da extinção em 2040
Estamos de volta a Silves, ao Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico para fazer contas. Contamos o número de animais que já nasceram em cativeiro, os que nascem em liberdade, subtraímos os que poderão morrer por atropelamento e multiplicamos tudo por uma boa dose de sorte: o lince ibérico pode deixar de ser uma espécie ameaçada dentro de uns 20 anos.
Quem faz as contas, porque sabe, é João Alves, técnico do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). "O lince ibérico esteve em verdadeiro perigo na transição do século, os censos em Portugal e Espanha identificaram menos de 200 linces, não havia nenhum em Portugal."
Hoje há mais de 150 linces no vale do Guadiana, do lado português, e em Espanha, nos três centros de reprodução espanhóis, uns 850. Tanto quanto se pode fazer contas a animais que têm vindo a ser devolvidos ao estado selvagem, teremos conseguido passar de menos de 200 a cerca de mil linces, no espaço de duas décadas.
"Se tudo correr como até aqui, podemos atingir o estatuto de espécie em estado de conservação favorável aí em 2040", afirma João Alves, em tom despreocupado. Acredita que, se não houver grandes imprevistos, esse dia irá mesmo chegar.
Outra forma de assinalar esse momento mágico será quando houver 750 fêmeas reprodutoras em território estabilizado. Nessa altura, deixará de ser preciso ter centros de reprodução em cativeiro.
Nessa altura, ficará provado que, em poucas décadas, com algum esforço e muito boa vontade de dois países vizinhos, pode salvar-se da extinção uma espécie comum que quase, quase desaparecia. O lince há-de agradecer.
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Helder Meneses
Linces ibéricos salvos da extinção em 2040
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